sexta-feira, 21 de junho de 2013

Armadilhas

Eu te beijava a face
De estátua
De prata polida
Sem pele
Sem viço

Um vazio no lugar da carne
Um vazado de formas mutantes
Frestas atravessadas
Por luzes que cegavam a vista

Pedia a ti que se revelasse
Que mostrasse o rosto
Que me olhasse nos olhos
Que eu pudesse te ver por dentro
Mas dessas barras líquidas
Que carregavas acima do pescoço
Só me restava olhar os vãos

Tentei as mãos
Por um instante mãos de gente
Daquelas que afagam os cabelos
Daquelas que entrelaçam os dedos nos meus e me apertam

Mas logo . ..
Frieza

De garras metálicas
De juntas imóveis
De unhas quebradiças

Desse abismo que há
Entre a vontade e os fatos
Entre a verdade e a mentira
Entre a saudade e o alento
Só se pode pensar o pior

Sonho ou pesadelo
Que me revela
Quem sou
Que me esconde quem és...

Eu caindo em armadilhas
Uma atrás da outra
Fazendo cada um dos meus atos de boa vontade
Me sufocarem em dè ja vus

Então qualquer desejo meu de ver a beleza em todas as coisas com a ingenuidade de uma criança
É soterrado
E todas aquelas mãos que me agarram por todos os lados
Apertam meu peito até ele sangrar
E depois se esvair