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Na sala de
jantar:
- Massa à
putanesca com liguiças inteiras! Eu que inventei!
- Uau! Nossa! Achei que seria massa com sardinha. Deixa ver…hum… delícia!
- Viu?
Também tenho super poderes.
…
-
Mas…
peraí Carlos Alberto, o que é isso?
-
O que?
-
Isso?
Aaaah! Um dedo!
-
Como
assim, Paula Jussara?
-
Sim!
Um dedo!
-
Puxa…
-
O
que significa isso?
(pausa dramática)
Quem -é -
ela?
-
Como
assim?
-
Olha
aqui! Tem esmalte na unha!
-
Ah…é…
-
João
Carlos, o que é que você andou comendo por aqui?
-
É,
olha, vamos conversar , Paula Jussara. Veja bem, é toda noite a mesma coisa,
sabe? Sempre que tentamos... A gente acende o fogo, bota a panela, prepara todos
os legumes, cebola, tudo direitinho e aí… aí é sempre a mesma coisa! Desde o seu aniversário, não conseguimos
mais! No mês passado, se lembra daquele dia? Aquela operetta lhe cantando
parabéns com um bolo a tiracolo…eu ali... pronto...e nada! No outro dia foi
aquela trupe, todo mundo mascarado…credo! Quase me senti na cena do sacrifício …
de olhos bem fechados…só me faltou a capa preta com capuz. E semana passada
então? Acendemos as velas e chegaram os mariates! Mariates! O que vo-cê
que-ria-que -eu-fi-zes-se? Eu sou homem porra!
-
O
que foi que você disse? Você é um homem porra?
-
Eu
disse que eu sou um homem porra. O
que você está dizendo? Que eu sou uma homem porra?
-
Eu
não disse que você é um homem porra você que disse que era um homem porra.
-
Ah!
Você está dizendo que eu não sou homem?
-
Que?
-
É
isso.
-
O
que?
-
Era
isso que você queria.
-
O
que, Carlos Alberto?
-
Me
humilhar.
-
Como
assim?
-
É
sempre a mesma coisa. Eu cozinho, lavo, passo manteiga no seu pão e você, você… sempre inventa alguma
coisa! Uma operetta segurando um bolo, mariates, e agora um dedo!
-
Como
assim, do que você está falando?
-
Do
dedo?
-
Que
dedo?
-
Do
dedo que você está comendo!
-
Mas
eu não comi nenhum dedo!
-
Então…
-
Então
o que?
-->
-
Do-que
–vo-cê- es-tá fa-lando?
-
Do
dedo. Mas eu não comi. Ele está aqui. Ó!
-
Deixa
eu ver…