terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Raiva

Quando a gente tá com raiva, as lágrimas pulam

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Trilha

Em trilhas de morros altos
Depois da chuva
O que mais importa
É por onde passam
As vacas
Pois sim

Onde as águas cantam
Os quero-queros
Berram

Atrás do tempo
Pés afundando em barro
São as migalhas de pão
Para lembrança
Do caminho de volta

Se vai o fôlego
De um respiro
Que preenche
As costelas
De uma fonte
Que desse
Pelas espaldas

Dessa pressa
Aprendo a labuta
De meus ascendentes

Errando-me
Ruelas medievais
Afora
Ainda que em tempos
Contemporâneos

Cansei

Consigo Contato Consigo

Em passos de tango
No salão
O acordeon
Me dá vontade de lira

Ao pátio
Todos estão
Malabares e bambolês

Em sendo bolha
Se protege o corpo

Em suspenso
Se guarda a tormenta

Toda louca em lucidez
A menor fagulha
Aguarda

Escolha
Virada


Me dê a mão

Já há 5 dias na tenda, resolvo mais um. Quero encontrar aquele lugar. Por entre águas, pode-se ver algo lá embaixo. Como se de dentro da nascente das águas de Oxum surgissem as de Iemanjá, metros e metros e litros e litros abaixo.

E a cada onde que retorna, revela um pouco. Um pouco mais.

- Se você observar bem, vai ver que é muito mais do que isso.

E a cada pouco mais de visão, mesmo à distância, revela-se toda uma civilização com construções rochosas enormes em meio à relva. Não consigo sair dali. Nem para me afastar, nem para me aproximar. Afundada em água doce, bem na nascente, sinto a revolta das correntes. Isso me assusta. Me agarro nas pedras. Quero mais.

Um outro lugar talvez. Talvez um outro tempo. Talvez um outro.

E o balanço cresce em torno de mim. Escorre de mim até os fiordes, forma a onda, esvai-se, revela os castelos de areia, e o balanço cresce em torno de mim. Quase me leva. Quase me deixo.

Não me deixo. Me agarro às pedras. Nos vincos. Ou isso, ou queda livre. Duas crianças seguem em direção contrária. Deixo-as passarem. Como conseguem? Prossigo. A queda da água forma um tunel cristalino. Encantador, porém sufocante. Preciso respirar. Fecho os olhos. Suspiro.

Uma índia enorme, com peitões caídos arrastando. Roliça como uma nona ocupa o tunel com uma destreza impressionante. Respeitei. Confesso que tenho dificuldades em passar por ali. Ela, não. Já me encarou, atravessou o espaço. Nem a vejo mais. Por onde terá saído?

Eu, preciso da escada. Onde vai dar?

- Você sabe? Me dê a mão. Vamos?

Passamos pelo quarto onde brincamos e pulamos a janela rumo ao jardim. Lá as flores são de plástico.