segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Defenestrando

Eu defenestro
As mensagens do Mickey

A certeza do Neandertal
E as tentativas de todos os outros primatas

O cansaço
A preguiça
O exílio

Defenestro
Os devaneios
As palavras ditosas
A saudade

Defenestro tudo que foi dito
E também o que não foi

Eu sou barulho
Ele é silêncio

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Psicoses

Ávido por sexo
Inventou uma paixão
Num surto psicótico
Fingiu para si uma dor que não sentia
E agora não sabe mais o que quer

Soube da história de uma amiga
Cujo namorado tinha tara por orientais
O namoro acabou
Porque ele puxou os olhos dela para o lado durante a transa

Tem também aquela velhinha
Que ficou dois dias soterrada sob escombros
E disse que ficou fazendo tricô para passar o tempo
Ficou com vergonha de aparecer na TV
Porque estava sem maquilagem

Desligou o aparelho
Viajou
Passou o dia enchendo os tubos
Escorregou na graxa que pingou da carne
E, por diversas vezes,
Tentou se levantar 
Sem sucesso

Optou por deitar-se 
Ali
E rir de si mesmo

De um Amigo com Quem me Identifico

cla?
cla  de sol?
ou de fa?
hahahah
ou apenas cla!!!!
ou clave, ou trave?
ou fá?
ou lá?
ou mi?
e se vc estivesse aqui?
ou la?
ou fa?
hahaha
enfim.....
just remeber
our nothing else

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Mañana Me Voy al Norte

Será que Darwin, quando pensou a Teoria da Evolução, considerou a combinação da chuva com a cerveja, a pizza, o refrigerante, a batata frita e a televisão?

Fiz um retiro para a praia com todo meu espírito aventureiro à flor da pele, sonhando com as trilhas ecológicas nível 2 e com o sol, mar, praia, calor. Vivi um pré-devaneio da consequente transformação de alguns tecidos adiposos em fibras musculares e da alvidez em um corpo moreno.

Buenas, o que posso dizer é que as nuvens negras me seguiram desde a fronteira e que o que pude obter foram 2 livros a mais nas gavetas da minha memória, 4 crônicas no meu currículo e 3kg acumulados na Faixa da Gaza.

Talvez o maior movimento tenha sido secar o lago que se formou no banheiro com o estouro do encanamento. E correr atrás das havaianas que saíram boiando pela casa. Se eu pudesse resumir minhas semi-férias em uma palavra, ela certamente seria ÁGUA.

* sou obrigada a relatar que enquanto eu escrevia sobre Darwin dois passarinhos caíram mortos do ninho bem do meu lado...saravá!


Frenesi

Frenesi

Bato 3 vezes. Alguém abre.

- Qual é a senha?

- Vejo morangos silvestres em campos de trigo.

Entro. Na escadaria que permite o acesso, várias pessoas estão deitadas. Outras, sentadas. Um rapaz com o nariz vermelho e roupas listradas atira beijos para uma loira com roupa cigana e peitos enormes que morde com vontade uma coxa de galinha, lambe os dedos e sorri pra ele.

Sigo. Avisto uma moça com os cabelos até a cintura. Com os olhos fechados, ela apalpa a parede do corredor. Sebe-se lá o que está procurando.

Na sala, há um show de acrobacias e dezenas de jovens estão no chão bebendo vinho e observando uma garota mover-se em torno de si. Parece que cheguei tarde. Onde estará ele...

A acrobata se aproxima de mim com o cálice e beija minha boca. Tomo o copo para mim e sigo ao jardim, onde outros tantos jogam baralho, coçam os narizes e gritam 'truco'.

Me distraio com as estrelas e, logo, retorno ao interior da casa. Penso no porquê da tristeza do pierrot e observo uma senhora envolvendo as pernas de um passante que tomba como um elefante. Ela agarra-o num frenesi.

Indiferente me dirijo ao toilet. Aí está. Empurrando um magrinho grisalho em direção à banhiera repleta de vômito. Ambos agarrados como fêmeas aos cabelos um do outro.

- Solta tu!

- Solta tu!

- Solta tu!

- Solta tu!

Brochante! Me retiro sem anunciar minha passagem. Me lanço nas escadas. Melhor é fumar um. Ele me busca, mas agora já era. Olhos de gato perdidos no meio da bichanada me acusam de jogo duplo e fico cansada dos jogos lascivos.

Recorro ao divã de um aposento e sou acordada pelos gemidos de um casal. Me recolho à minha insignificância para não interromper o ato e finjo que estou dormindo. Me masturbo. Gozo. E admiro o alto da minha bronze.