quarta-feira, 16 de junho de 2010

Dá-lhe Chol Chons! - meu pezinho na copa 1

Confesso que me emocionei com os Chol Chons. Aquelas caras amuadas me causaram uma ternura semelhante a do espirro. Sempre que alguém espirra, sinto um aperto no peito...

E parece que os rostos dos coreanos não causaram sentimentos só em mim. Os jogadores brasileiros também se inspiraram com os olhos puxados e resolveram limitar suas visões de jogo. Ponta direita? Ponta Esquerda? Pra que, né? O negócio é jogar a bola nas pernas dos adversários SEMPRE PELO MEIO.

Melhor dar uma esquentada na casa preparando algum congelado. Deixo a coisa lá se virando na cozinha e retorno à sala em busca de algo novo. Resisto para não beliscar a colega que dorme sentada. Afinal quem pode culpá-la em meio a tantos tá-lentos em campo? Eu é que deveria ter investido num café...

Aproveito o intervalo para checar o forno. Olha, nunca acertei a mão no bolo. Mas batumar pão de queijo pronto realmente... Enfim, uma novidade! E já que o lance por aqui é bola murcha, comê-los-ei (emos) assim mesmo.

Parece que las pelotas murchas deram suerte. Maicon e Elano dão uma acordada na galera do sofá. Até que lá vem Chol Choooon. Gente, como chora o outro atacante. Será que é por não ter sido ele o autor do gol? 

Sinceramente, me irritei. Já tenho passado noites em claro com o bebê que berra aqui no andar de cima. Me pego pensando no que é que podem estar fazendo com o pobre coitado. Aí se for entrar numas de refletir sobre a posição de uma pessoa que está jogando na copa e que vive sob um regime ditatorial vou acabar cortando os pulsos.

Se bem que, depois desse jogo, não seria uma má idéia...




sexta-feira, 11 de junho de 2010

Olha a banana!

Um baita negão vestido de escravo equilibrava livros na cabeça. E o palco era todo dele...

Num dado momento, ele tirava a roupa e substituia os livros por um cacho de bananas. Daí, embalado pela música Vendedor de Bananas, da banda Os Incríveis, sambava vertiginosamente com uma flor profundamente enfiada entre as nádegas. 

Então, ele descia do palco e distribuía as frutas ao público. E quando ele subia nas poltronas para entregar a banana para as senhoras das fileiras de trás, obrigava os rapazes que estavam sentados na frente a abaixarem-se. 

Somente assim, era possível evitar o contato com o que ele trazia no meio das pernas. E esse objeto fálico já nascera com ele...

A essas alturas a mulherada gritava enlouquecida. Não acredito que aquelas pessoas estivessem realmente refletindo sobre a  merda da nossa situação.

Ao findar o espetáculo pocket ele foi realmente muito aplaudido. E , em agradecimento, retirou a flor do cú e atirou-a à sua adorada platéia. 

Não entendi o porquê de as pessoas terem se esquivado nesse momento... Aposto que se fossem as rosas do Roberto Carlos a reação seria bastante diferente. 

Meu humor negro adora artistas que maltratam o público. 

E bota negro nisso, hein? Vamo combiná...




Bus TV

Uma distração inevitável são essa 'belezuras' que colocaram no ônibus agora. O que me parecia uma deliciosa viagem para um mergulho literário, transformou-se, então, numa luta contra a sucção magnética deste buraco negro de cultura rasa.

E lá se vão meus olhos mais uma vez contra mim. E lá se vão as vídeo-cacetadas, o  horóscopo e uns filmes em série chamados Persevera 1, 2 e 3.  Nesses documentários audiovisuais, pode-se ter acesso a cases bem sucedidos de pessoas que eram pobres e ficaram ricas. (Uau!)

E é aí que começa o show. Me pergunto: por amor, o que faz uma senhorita virtuosamente acima do peso vestir-se de biquini enquanto canta axé music? Será que está convencida de que aquele macacão zebrado de segunda pele por cima faz alguma diferença? E, ainda, como é que as acrobatas que a cercam conseguem dar saltos mortais com aquelas botas salto fino 25? Baita profissionais! 

E me vem uma sensação comparável ao que senti no Barco Viking, quando levei as crianças no parque de diversões nesse fim-de semana. Principalmente quando o motorista embala na descida. Uma mistura de euforia coletiva com 'acho que vou vomitar'. 

Mais essa agora: a Bus TV me vem com uma reportagem. (!) Depois do espetáculo da cantora acrobata rechonchuda (tem umas cenas em que ela jura ser a Marilyn em Diamonds Are a Girls Best Friends), eis que me revelam que o Sérgio REIS era componente dos Mutantes!!!!

(!?) 

Acredito que a Rita Lee muito deve ter entoado "Panelha Velha é que Faz Comida Boa" durante a Tropicália.

É. Deve ser isso...



 

Profundo Vazio

O frio e a profundidade de campo
O cigarro na janela do sul
E a fumaça no acento britânico

Retirado de um verso virtual 
Cujo caminho do meio distorce o próprio
Se o tolo busca sempre companhia
E a solidão faz o sábio

O que será de quem está só na multidão
Ou repleto tendo apenas a si mesmo?

DOMINGO

Uma mesa farta, alguns casais mais velhos, outros mais jovens, uns poucos solteiros difamados  e algumas crianças estridentes. A conversa gira em torno de futebol, religião e política. Reconheces onde estás?

Sim. É domingo.

Um velho mastiga a carne, a retira da boca e a enfia na boca do mais pequeno:
 - Ovelha com o tempero do vovô! - brada.

E todos brindam, salpicando a toalha com uvas isabel fermentadas.

Uma das senhoras traz no copo apenas água. E os gotejos dela estão mais para ofídicos que para alcoólicos. Ela senta-se no meio, mais para esquerda, onde está o seu 'garoto'. E recebe a 'outra' com sorriso torto e olhos forçadamente apertados revelando os pés de galinha. Preserva a moça de encostar o copo no de seu filho. Afinal de contas quem ela pensa que é...

Enquanto hoje o pernil de ovelha acompanhado de farofa, frutas secas e polenta serve toda família, Mariana não pôde jamais esquecer-se da orgia gastronômica com que foi recepcionada na primeira noite. O amor da sogra é diretamente proporcional ao prato da vez. Considere, pois, o bife de fígado uma verdadeira revelação edipiana. 

E quando acaba o refrigerante das crianças, adivinhem quem se oferece para buscar mais? Com o veneno escorrendo do canto boca a velha dá as direções do supermercado à sua nora e a instrui a utilizar o elevador 'bem da esquerda'. 

Retornando com as sacolas repletas de garrafas, a pobre rapariga indica o segundo andar à acsensorista. E ele estranhamente segue subindo até décimo primeiro andar inexistente. Ao questionar-se a respeito do que estava acontecendo, a porta se abriu. E ela supreendeu-se com a vista do bairro Bom Fim bem lá do alto.

Só lhe restou proferir um 'quero descer' espremido, antes que a moça acionasse uma alavanca. 

E foi, assim, catapultada lá de cima, numa incrível experiência única e derradeira de uma emoção indescritível.