Se eu te soubesse desde o início
Tu desde sempre
Serias
Jamais
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
A Lua Vem do Meu Olhar
Uma apresentadora de TV local me entrevista. Parece querer obter informações sigilosas sobre meu trabalho. Isso é uma reportagem ou simplesmente espionagem.? Minhas respostas entregam apenas o que todos já sabem.
Ao sair da sala, vou direto aos telefones públicos. Precisava mesmo falar com alguém. Mas quem?
Não posso entender o que provocou essa latência repentina no meu olho direito. Ao checar no espelho o porquê do incomodo, percebo minha íris esvaindo-se por uma rachadura e penso que vou ficar cega. Ou já estou?
Direto ao hospital, urgente. Preciso me internar e consertar essa "coisa". No quarto, aguardo o resultado do exame. A cama é de casal. Estranho. Mas deve ser por isso que meu amor está ali, ao meu lado, segurando minha mão.
Há quanto tempo... mais de 6 anos...nunca pensei que estaríamos assim novamente. Agora que de volta é como se nunca tivesse ido. E nisso uma vontade de amar como nunca. Fiquei com receio de que a enfermeira aparecesse. Pára tudo. Por sorte.
Lá está ela na porta. Me assusta a forma como me olha. Corre e se deita ao meu lado. Que significa isso? É o médico! Está bêbado? Está louco? Sai! Onde está então agora o meu amor?
O diagnóstico, segundo ele: meus olhos estão perfeitos. O problema é a cirrose. Alguma coisa está errada por aqui. Talvez eu esteja confundindo as coisas. Como o personagem do Campos de Carvalho que pensa estar num hotel de luxo durante toda a vida em hospício.
Mas preciso salvar minha visão. Meu olhar. Que há? Corro desesperadamente por todo hospital já então duvidando de que é mesmo um hospital. Uma senhora segura um exame. Questiono a enfermeira sobre o meu laudo. Ela nem me olha.
- Essa senhora está com câncer na próstata, veja bem. - ela diz.
- Não se preocupe, senhora. O câncer é a evolução natural da próstata. - respondo me direcionando à velha abatida.
A enfermeira apenas balança-me a cabeça. O prédio é antigo. E tem aqueles janelões. Isso me chama a atenção de repente. Faz uma noite linda lá fora. Noite de Lua Cheia.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Sábado
Sábado é dia de feira
De plantas novas
Pro Jardim
Deixar o que é bom
Tirar o ruim
É dia de flores
Na bandeja do café
Ao lado das frutas
Porque também é dia de frutas
Porque também é dia de suco misto
É dia de deitar no colo
De ler no sol
De rolar no chão
É dia de olhar
De saber onde tocar
Sábado é dia de dizer "Eu Te Amo"
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Frases 1
Frase do dia: quem quebra a coluna andando de gangorra e desloca a córnea jogando peteca não pode jogar dominó
Dias arrastados
Em dias que não se quer acordar ou banho
Sentar na janela
É remédio para a viagem a caminho
Tarde estúpida
Que começa numa audiência com o taxista maluco
E termina num carro roubado há 8 anos
Minto
Para me guardar pro sol
Esquece o auto
Vou de bici
Vou em massa
Até meus cúmplices
Para me derramar
Na música da castelhana
O amante
Desvendo-me na tua pele esgaçada de amores
E entrego toda minha doçura aos teus socos no meu estômago
Ao saírem-me as garras
Quem hei de ser?
E entrego toda minha doçura aos teus socos no meu estômago
Ao saírem-me as garras
Quem hei de ser?
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Quimeras
Essa noite
Afundei-me
Em ti
Uma vez mais
Como há muito não
Como sempre sim
Saudade
Que de tão salgada deveria ser com L
Lancinante
Lembrança
Tempo
Que me arranca os pedaços de ti
E todos os outros
Que me dividam
Eternamente contigo
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Furos - manhã seguinte
- Bom dia!
- Bom dia...
- Desculpa...vamos recapitular, qual seu nome?
- Você não lembra?
- Não.
- Y.
- Uau!
(...)
- Claro! Você não lembra?
(tchunplef!)
- Não...de onde?
- De Punta, naquele almoço.
- Ah! Sim, ficamos falando de poesia...e tinha aquele cara chato que discutiu com todo mundo...
- É...meu pai...
(tchunplef!)2
- Rãm, rãm...hã...tava lindo aquele ano novo! Divertido!
- É, mas só fiquei na praia tocando violão a noite toda...sozinho..
- Nossa! Eu também fiquei na praia!
- Tocando violão?
- É...quase isso...
(tchunplef!)3
- E..você faz o que?
- Sou artista.
- Ah é? De que tipo?
- Sou músico e poeta!
- Hum...acho que eu... vou fazer um café!
(...)
- Que idade você tem mesmo?
- 17.
- Oi?
- 17.
(...)
- Quer um café?
- Não, obrigado.
- Nescau?
Minha Fome
Pés plantados
No chão
Palavras
A passear
Dentro
Até se enfileirarem
Todas na garganta,
Do centro
Explodirão
Afora
E saberás que tenho FOME
No chão
Palavras
A passear
Dentro
Até se enfileirarem
Todas na garganta,
Do centro
Explodirão
Afora
E saberás que tenho FOME
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Nostalgia
Eu te respiro
Querendo entender
E choro as notas do piano
Nostalgia do deslizar dos dedos
Nas lúdicas teclas
Da vida em preto e branco
Querendo entender
E choro as notas do piano
Nostalgia do deslizar dos dedos
Nas lúdicas teclas
Da vida em preto e branco
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Desenhos
A noite paulistana
É
De cima
Magma
Em trânsito
Em reto todavida
Adormeço
Só sei dos ares
A saída Vik Muniz
E a chegada Burle Marx depois da chuva
Subo Devassa
Desço Bohemia
Vivo Coruja
terça-feira, 16 de agosto de 2011
Isa
Ela guarda
Teus poemas
Numa pasta
Abandona os gatos
No viaduto
Convida pro café
Mas prefere cachaça
Chora a máquina
Não disfarça
Quer minha idade
Deságua
Suspira amor
Mas não sente
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Dunas
saí e quando voltei minha mesa estava soterrada pelas dunas de uma praia que eu não conhecia. alguém dormia na minha barraca e eu no meu caminho solitário por entre os grãos ao vento.sempre conduzida pelo ar.
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Pílulas ordinárias
"- Onde você trabalha?
- Num canal de TV.
- É? Qual?
- Ã...Ainda não foi lançado...
- Ah! Tudo bem...eu tenho um site pornô! . . . Nossa! Como você é bonita...
(Cof, cof, cof)"
- Num canal de TV.
- É? Qual?
- Ã...Ainda não foi lançado...
- Ah! Tudo bem...eu tenho um site pornô! . . . Nossa! Como você é bonita...
(Cof, cof, cof)"
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Metamorfose
Com a massa branca
No lugar do rosto
O piercing
E o sorriso
Me faltaram
Enquanto chagas se abriram
As velhas feridas
Há muito conhecidas
Mudaram de forma
E de lado
Preferia um enxame de abelhas
Uma cara na porta
Ou certamente um acidente
Mas tenho sempre a mesma resposta estúpida para todas as perguntas
A vida repuxa
A pele
Se desfaz
Na cara ardida
A mosca
Arrancando a unhas a casca
E tentando descobrir o que a espera embaixo
No lugar do rosto
O piercing
E o sorriso
Me faltaram
Enquanto chagas se abriram
As velhas feridas
Há muito conhecidas
Mudaram de forma
E de lado
Preferia um enxame de abelhas
Uma cara na porta
Ou certamente um acidente
Mas tenho sempre a mesma resposta estúpida para todas as perguntas
A vida repuxa
A pele
Se desfaz
Na cara ardida
A mosca
Arrancando a unhas a casca
E tentando descobrir o que a espera embaixo
Destilando
De todas as rosas
Que só virão
Com a certeza
Do querer
Desdenho
Sentimentos ocultos
Caras e bocas acentudas
Em desti-
Lado Ledo
Engano
Seu
Enfurecer-se
Só porque eu finjo que não
Que só virão
Com a certeza
Do querer
Desdenho
Sentimentos ocultos
Caras e bocas acentudas
Em desti-
Lado Ledo
Engano
Seu
Enfurecer-se
Só porque eu finjo que não
terça-feira, 12 de julho de 2011
Caminhos Anti-horários
No berço
Do meu peito
Todo colorido
Que eu nego
Tem a tua voz
Gritand0 meu nome
Difícil é seguir
Fingindo que nada aconteceu
Que não atropelei
Os pés da cadeira
E caí de joelhos
Pedindo
Clemência
Que todo fel
Dos freios
Ainda que
Marcados num sorriso
Demolirá
A harmonia
Que não sei onde está Doroth
Nem quem são Lana e Dora
E que todos os relógios
Andam para trás
À tua espera
Do meu peito
Todo colorido
Que eu nego
Tem a tua voz
Gritand0 meu nome
Difícil é seguir
Fingindo que nada aconteceu
Que não atropelei
Os pés da cadeira
E caí de joelhos
Pedindo
Clemência
Que todo fel
Dos freios
Ainda que
Marcados num sorriso
Demolirá
A harmonia
Que não sei onde está Doroth
Nem quem são Lana e Dora
E que todos os relógios
Andam para trás
À tua espera
domingo, 22 de maio de 2011
Eterno Poema
Vontade
De fumar
De novo
Amarro-a
Mas ela continua ali
Idéia fixa
Um sinal de fumaça
Ao menos
Uma noite
Apenas
Desejo insolúvel
Flutuante
Cowboy no meu copo
- Baixo, por favor!
Todo arrepiado
Na minha banheira
Meu poema
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Sem Jogo
- Não acredito que você chegou a este ponto!
- Mas, qual é o problema? É tão natural!
- Ninguém é obrigado a dividir isso com você!
- Foi você quem não quis ser só uma das cartas do meu baralho!
- Impossível ser só uma carta, quando se tem poderes coringas!
- Então?
- Então: não é assim que se trata um Coringa!
- Nem mesmo em sendo Rei de Copas?
- Tá mais pra Cavaleiro de Paus!
- Puxa..assim não tem jogo...
- Não...
- Bem, o que é um peido pra quem tá casado...
- Aí é que eu me refiro!
- Mas, qual é o problema? É tão natural!
- Ninguém é obrigado a dividir isso com você!
- Foi você quem não quis ser só uma das cartas do meu baralho!
- Impossível ser só uma carta, quando se tem poderes coringas!
- Então?
- Então: não é assim que se trata um Coringa!
- Nem mesmo em sendo Rei de Copas?
- Tá mais pra Cavaleiro de Paus!
- Puxa..assim não tem jogo...
- Não...
- Bem, o que é um peido pra quem tá casado...
- Aí é que eu me refiro!
domingo, 20 de março de 2011
Velhices
Descobri porque aprecio antiguidades. A velhice me emociona.
Um senhor numa banca do Brique. Uma senhora na cadeira de rodas na saída do consultório. Um casal na porta do cinema.
Um conta que é ótimo assador, o oficial dos domingos. A outra permanece séria e cabisbaixa. Aqueles tem os braços dados, até que um deles sai e deixa um beijo no rosto.
Ele mastiga a carne para servir ao neto:
- Churrasco com tempero do vovô!
Ela é puxada mais para trás com o intuito de corrigirem-lhe a postura:
- Ai!
A outra metade retorna à fila do filme, reenlaçando-se ao marido:
- Amor, tava só noventa reais!
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
A 20 mil pés
Tudo começa com
Um mar de ovelhas desgarradas
A 20 mil pés
De distância do chão
Não me arrisco
Sempre chego
E nunca fico
Então me vou
Ainda com o gosto salgado dos olhos
No canto da boca
Uma dança louca
Em meio aos leds coloridos do teto
E o corpo de bandeja aos lobos
Enquanto o amor permanece
Um algo tão antigo
Que nem lembro mais
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Jogos
Esses tempos me disseram
Que malandragem
É sinônimo de subdesenvolvimento
Classe e elegância
Quem tem
É quem é inesperto
Eu cresci assim...
E minha sorte
Está sempre no jogo
Que malandragem
É sinônimo de subdesenvolvimento
Classe e elegância
Quem tem
É quem é inesperto
Eu cresci assim...
E minha sorte
Está sempre no jogo
domingo, 30 de janeiro de 2011
Você Merece
Encontrei na orla um cara vendendo filtros de sonhos. Refrescava-me com um picolé e ele me pegou distraída:
- Tua "aura" é linda!
(hahahahaha)
- Tua "aura" é incrível! Mas você precisa trabalhar o seu chakras do plexo solar. As pessoas se aproximam de você e sugam toda sua energia, bla, bla, bla...
Enfim, fiquei um bom tempo segurando umas pedrinhas pra me energizar, rezando pro meu amigo chegar logo, porque toda vez que eu largava as pedrinhas:
- Não! Você ainda não está forte! Senta aqui. Quer dar uma olhada nos meus trampos? Meus trampos são proteção...
Antes de eu ir-me para o teatro, ele me lançou um cartãozinho dizendo que era massagista e que as técnicas dele forneciam um novo olhar sobre o mundo:
- Você vai descobrir o paraíso dentro de você! Vai mudar sua vida! Me dá teu e-mail?
- Ah! Mando um e-mail pra esse endereço do cartão e aí tu fica com ele, beleza?
- Podicrê!
Fui olhar o cartão quando cheguei em casa:
"Massagem tântrica. Porque você, mulher, merece esse prazer"
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Contrastes sem contraste
Curadoriando filmes sem entender porque todas as mulheres desse diretor dedicam-se tanto a passar batom. Ele parece ter também uma predileção por sexo em elevadores e escadas e contrastes de vermelho no vermelho ou rosa. Deveras repetitivo, não fosse aquele doutor psicografando que rendeu boas risadas...
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Dona Flor
"Alguém há dias me perguntou o que oferecer a um hóspede de requinte de paladares nobres a quem não apetece o trivial. Num caso desses, aconselha-se servir um cágado guisado, com gosto de culpa e pecado. Mas se vosso hóspede quer ainda caça mais fina, por que não lhe servir um prato ainda mais sofrido: uma viúva bonita e moça. Eu sei de uma viúva assim, cuja cama é um deserto atravessado. Escaldante areia do desejo sem porta de saída."
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
O caminho do meio
Já aprendi a controlar o sonho
Se estou nas nuvens
Sei que vou cair
Ao atingir a superfície
Sempre me utilizo da queda
Pra pegar impulso
E voar ainda mais alto
E todos esse frios na barriga
Tornam a brincadeira cada vez mais excitante
Aqui não.
Mesmo tendo momentos de mar em fúria
O horizonte sempre se acomoda melhor com a linha no meio
E nem por isso deixa de ser poesia...
Se estou nas nuvens
Sei que vou cair
Ao atingir a superfície
Sempre me utilizo da queda
Pra pegar impulso
E voar ainda mais alto
E todos esse frios na barriga
Tornam a brincadeira cada vez mais excitante
Aqui não.
Mesmo tendo momentos de mar em fúria
O horizonte sempre se acomoda melhor com a linha no meio
E nem por isso deixa de ser poesia...
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
Fuga-cidade
Mato a saudade
Como um atirador de facas
Às avessas
Atravesso sua carne
Trêmula e febril
Com dezenas de adagas
Torno impossível
Reanimá-la
Um adeus à memória
Que guarda o sabor do silêncio!
Língua de víbora
Ao cedro
Que as cavernas dos meus sonhos
Fertiliza
Ao magma
Que incendiou um coração incandescente
E converteu seu aço em rio de prata
'Estrella fugaz'
Que se dissolve num eterno sorriso
Perdido no céu
E no tempo
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