terça-feira, 30 de setembro de 2014

Concretudes

Quero a leveza
Do inteiramente eu

Um querer
Que não se perde
Nas faíscas pra virar matéria
Flecha que te atravessa

Mas um leito quente
Que corre e te deita nele
Aninha e acolhe teu todo
Tua verdade

Sempre
Virar a esquina
E bater com meu nariz no teu

Que a infinidade de coisas
Fosse simplesmente
Deitar nas nuvens
Ganhar sussurros
Nos ouvidos

Um som que tu me mostra
Um gozo sem adeus

SOBRE ANDAR DE FERRY NA BAHIA

-->
Ainda antes de chegar no Ferry

Confirme com no mínimo 4 pessoas diferentes se a van que está indo para Morro São Paulo é mesmo a sua. Com isso você evita que sua guia pergunte:

-       CVC?
-       Sim.
-       Ha ha ha
-       Ha ha ha?
(Então ela pega o rádio)
-       Qual o nome de vocês?
-       Claudio, Iara e Clarissa.
-       Sr. Iara, Sra. Clara (a guia falando para o rádio)
-       Não, Cláudio, Iara e Clarissa
-       Cláudia ... (ainda para o rádio)
-       Não, moça! Cláudio,      Iara       e      Clarissa
-       Aaaah! Achei, mas não era aqui não, vocês pegaram a van errada.
-        Huummmm

(ha             ha             ha)

Após, corrigido o trajeto...

Ao embarcar no Ferry

Não se distraia comprando óculos que não dá tempo.
Ou melhor, parece que vai dar tempo. (compra rápido que tá valendo).
Deu. Sobrou tempo.
Super sobrou tempo.
Dá licença que o moço vai até comprar um café e mandar ver uma carne fumeiro....peraí, moço (se esmagando entre você e a colega)...aaaah! abriu a portaaaaa! Aaaaah!
Se segura que soltaram a manada!...Cuidadocomochu-ru-me-dolixoquederrubarampelocaminho ... YEC, bem na minha perna! respiraaaa...
E não adianta pegar a fila pra quem tem bagagem, porque você não vai conseguir subir com a mala mesmo..

Ai, deu! Um lugar de pé, no meio dos carros, mas, ainda assim, um lugar.


No Ferry

Se estivesse de carro, pés pra cima e pra fora da janela (lógico!)

Como possivelmente ainda estará de pé e com a malas, fique longe dos cachorros, ou mais cedo ou mais tarde irá molhar os pés (e as malas)

Se molhar os pés não for motivo o suficiente para você mudar de lado, não tem problema! A galinha vai alvoroçar-se, e , por conta disso,  o dono do outro cachorro – o que morde - vai lhe pedir que se retire.

Se isso tudo acontecer, não se preocupe, você deu sorte! Imagina se você só resolvesse mudar de lugar depois que o primeiro cachorro resolvesse passar do estágio 1 pro 2.

-       Eu avisei, mãe!  Pra você vir logo pro lado de cá. Afff.

Aqui (desse lado de cá):
Se você dança,  terá uma ótima oportunidade para ensaiar seu dom para o equilíbrio
Se você bebe, também!

Maaaas, se for fotografaaaar, evite o vendedor de queijo com goiabada

-       Posso tirar uma foto?
-       Não. Melhor que você ouça!
-       Hã?
-       Ouça! Está ouvindo? Ouça a palavra de Deus, senhorita!
-       Ah! Isso, sim, estava ouvindo já...
-       Então, esquece a foto, o que vale é ficar cheeeeeeia de Deus!

(uia!) cof  cof

E não se esqueça de trazer sua bóia, seu colete salva-vidas, seu snorkel, equipamento de mergulho, bote, o que tiver... porque a proporção de bóias por pessoa é de uma para cada 60 pessoas.

Ao sair do Ferry

Segundo a guia, você deve lavar as mãos, você deve lavar as mãos, você deve lavar as mãos, você deve lavar as mãos depois de pegar o Ferry. Por isso, depois de 2h esperando uma oportunidade para esvaziar a bexiga, quando você  finalmente fizer uma parada, o turista vizinho descerá bradando:

-       Que banheiro o quê! Eu quero saber onde está a piaaaaa!


E lembre-se (sempre):

Não vá de Maria Betânia
Vá de Ivete Sangalo que é mais “ligeirinha”

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Pra que Tanto Dedo - PARTE 1


--> -->

Na sala de jantar:
- Massa à putanesca com liguiças inteiras! Eu que inventei!
-  Uau! Nossa! Achei que seria massa com sardinha. Deixa ver…hum… delícia!
- Viu? Também tenho super poderes.
-       Mas… peraí Carlos Alberto, o que é isso?
-        O que?
-       Isso? Aaaah! Um dedo!
-       Como assim, Paula Jussara?
-       Sim! Um dedo!
-       Puxa…
-       O que significa isso?
(pausa dramática)
                                                                  
       Quem -é - ela?

-       Como assim?
-       Olha aqui! Tem esmalte na unha!
-       Ah…é…
-       João Carlos, o que é que você andou comendo por aqui?
-       É, olha, vamos conversar , Paula Jussara. Veja bem, é toda noite a mesma coisa, sabe? Sempre que tentamos... A gente acende o fogo, bota a panela, prepara todos os legumes, cebola, tudo direitinho e aí… aí é sempre  a mesma coisa! Desde o seu aniversário, não conseguimos mais! No mês passado, se lembra daquele dia? Aquela operetta lhe cantando parabéns com um bolo a tiracolo…eu ali... pronto...e nada! No outro dia foi aquela trupe, todo mundo mascarado…credo! Quase me senti na cena do sacrifício … de olhos bem fechados…só me faltou a capa preta com capuz. E semana passada então? Acendemos as velas e chegaram os mariates! Mariates! O que vo-cê que-ria-que -eu-fi-zes-se? Eu sou homem porra!
-       O que foi que você disse? Você é um homem porra?
-       Eu disse que eu sou um homem  porra. O que você está dizendo? Que eu sou uma homem porra?
-       Eu não disse que você é um homem porra você que disse que era um homem porra.
-       Ah! Você está dizendo que eu não sou homem?
-       Que?
-       É isso.
-       O que?
-       Era isso que você queria.
-       O que, Carlos Alberto?
-       Me humilhar.
-       Como assim?
-       É sempre a mesma coisa. Eu cozinho, lavo, passo manteiga no seu pão  e você, você… sempre inventa alguma coisa! Uma operetta segurando um bolo, mariates, e agora um dedo!
-       Como assim, do que você está falando?
-       Do dedo?
-       Que dedo?
-       Do dedo que você está comendo!
-       Mas eu não comi nenhum dedo!
-       Então…
-       Então o que?
-->
-       Do-que –vo-cê- es-tá fa-lando?
-       Do dedo. Mas eu não comi. Ele está aqui. Ó!
-       Deixa eu ver…