quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Nexus, Plexus, Sexus

Para decidir o que fazer numa quarta-feira à noite, pode-se utilizar a teoria do "nexus, plexus, sexus".

Isso me lembra um filme que eu adoro, gentilmente apelidado pelo Bexiguinha de "As Aventuras do Barão Muntchato". Nessa magistral obra de Terry Gilliam, do Monty Python, um personagem cuja cabeça abomina as demandas de seu corpo, almeja eternamente desprender-se dele, podendo, assim, ocupar-se com coisas mais importantes. 

Pensando nessa filosofia sobre a busca pelo prazer se sobrepondo à razão, utilize sua conjunção entre o significado e o significante (plexus) para pegar seu celular e ativar sua agenda. Descole um Don Juan e siga em frente.

Chega um momento em que você vai ter que optar entre o nexus e o sexus. Isso provavelmente acontecerá quando ele tentar te seduzir utilizando Sade (quem é que convidou?) como trilha sonora. 

Optando pelo sexus, você finge que nada aconteceu e sacraliza o momento. Agora, dando um pouco mais de nexus à situação, você raxa o bico, o que ocasionará na lamentável quebra do clima. Nesse caso, volte correndo para casa, leia um livro e reflita sobre o significado da vida.


segunda-feira, 28 de setembro de 2009

(re) Criando

Na 2a
Perdi a chance de ficar calada
E criei tomates na garganta

Na 3a
Perdi as unhas
E criei falsas esperanças

Na 4a
Perdi a atenção
E criei um buraco negro no pneu esquerdo

Na 5a
Perdi o sono 
E criei um blog

Na 6a
Perdi a hora
E recriei minha vida

No Sábado
Mergulhei
Perdi o tímpano esquerdo
E a piscina veio parar dentro do meu nariz

No Domingo
Descansei

sábado, 26 de setembro de 2009

Cuidado com o Exú Gago

Quando você recebe pessoas na sua casa pra tomar umas, saiba que tudo pode acontecer. Você nem imagina, mas pode ser que algum dos seus convidados receba um Exú. Nesse caso, man (como dizia o Maçã)...prepare-se.

Essa pessoa pode ser um Exú Gago. Sim. Ele pode ser gago. Pode começar a dizer que ama você, que quer casar com você e que adoraria que você fosse a mãe dos filhos dele (imagine quanto tempo isso pode demorar se o cara for mesmo gago). Ele pode pensar que está agradando e tirar a roupa e, ainda, se sentir em casa a ponto de abrir sua geladeira e beber sua vodka russa à vontade. Aquela que você estava guardando para momentos especiais.

Pode ser um pouco pior do que isso se ele estiver de muletas e, quando você pensar que finalmente se livrou dele, ele bater na sua porta, 15 minutos depois de ter saído. Pode acontecer de você abrir a porta e ouvir ele lhe dizer que não tem condições de ir embora e lhe pedir para dormir na sua casa. E, ainda, até que ele consiga completar a frase, você perceber que ele traz nas mãos um dos copos da sua casa, recheado de vodka, é claro. (Será que é por ter que segurar a bebida que ele não consegue andar de muletas?)

Neste momento, esqueça que você é uma pessoa bacana e bata a porta na cara dele. Se você não o fizer, poderá acordar no meio da noite com gritos irreconhecíveis de uma língua que, além de gaga, está travada pelo excesso alcóolico.

Acredite, se você pedir que a pessoa se controle para não acordar os vizinhos, ela não entenderá. Estará já num outro plano e rirá de você. Talvez por achar seu idioma alienígena engraçadíssimo, ou por ter a certeza (errada) de que é muito cool ser encontrado caído no corredor abraçado na garrafa (seca) da sua vodka importada.

E se você, já sem alternativa, arrastá-lo para fora pelos pés, ele poderá lhe surpreender com gritos semelhantes ao de quem desliza do cume de uma montanha de gelo em cima de um par de esquis. Será que a solução poderia ser um Pai de Santo? Quem sabe...

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Narcisa

Cada dia em que acordo
Estou um dia mais velha

O atropelo do gordo
Vai sumindo aos poucos
Dizem que demora 5 dias...

Melhor é deixar a bike de lado por uns tempos
E arrancar a bola da garganta
Pra jogar uma pelada na beira da praia

Dormir Vênus
E acordar Narcisa

Lembranças Inconscientes

Estava grávida e grávida de novo. Conversávamos no supermercado. O escárnio com que ele me tratava fazia com que aquela pilha de latas parecessem verdadeiramente opressoras. Já estava com outra, mas gostava de mim por esporte. Não. Mil vezes não. De novo, não.

Pesquiso locações na asa de um pássaro. A vista é estonteante, e o pouso bem menos assustador do que eu imaginava que seria. Estou indo pra Salvador com minha prima índia. Não sei porque ela agora também faz filmagem. Mais um trampo no amor, mas mais um set em minha vida. E isso me dá prazer. 

Chegamos. Me sinto feliz e estaciono a ave em frente a um bloco imenso de concreto. Meus colegas me aguardam na entrada. O que eu estou fazendo ali? Ah! Agora me lembro. É a estréia de alguém. Não consigo me lembrar de quem...

Na sala do cinema, vazia, a galera parece exercitar bufão simulando francês. Jesus! Onde é que eu vim parar. O rapaz que abandona a sala de projeção acompanha os movimentos de perto. Permaneço em pé, perplexa, tentando entender o que está acontecendo. Lembro que estou (ou estive) grávida e não consigo prosseguir. Arrasto meu corpo até a melhor poltrona: a do chefe. E não estou nem aí pro que pode acontecer.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Cinema e Cigarros


"É bom fumar, né? Eu...adoro fumar. Sabe, lá em casa todo mundo fumava e ninguém morreu de cigarro. Meu marido fumava 3 carteira por dia. Eu, quase uma quando ia naqueles baile que tinha ali no Clube do Comércio, sabe? É. Qualquer hora dessa vou voltar a dar umas pitadinha... é bom, né? 

Faz anos que não fumo. Parei porque meu marido tinha parado e não gostava mais do cheiro. Mas agora que tô viúva...taí...vou voltar a fumar... 

Sabe o que eu queria? Fumá essas coisas aí...maconha, craque...hi hi hi...tu que é jovenzinha deve fumá essas coisas aí né...

Mas não é bom ser escrava de nada, né? Nem de cachorro, nem de gato - que eu adoro - nem daquelas ave que piam ... como que chama ... ave canária, que eu adoro. Adoro, mas não sou escrava. Nem disso. Eu que adoro pio ... Mas escrava não. Não é bom. Não é bom ser escrava de nada. Não é bom ser escrava nem de gente. Né?

Eu? Pedagoga. E tu? Ah! Produz o que? Cinema? Puxa! Legal ... interessante ... eu vejo muito essas coisas aí,viu? Quer dizer... eu vejo, mas eu não assisto ... vejo no jornal assim, né ... vejo falá ... mas não assisto ... bacana, hein? Interessante ... 

Tá rolando também agora esse negócio aí, né ... aqui ... De que que é? Ah! É de teatro! Sim ... é ... esse negócio aí também é bem diferenciado, né? 

E a vida é uma só..."