Já há 5 dias na tenda, resolvo mais um. Quero encontrar aquele lugar. Por entre águas, pode-se ver algo lá embaixo. Como se de dentro da nascente das águas de Oxum surgissem as de Iemanjá, metros e metros e litros e litros abaixo.
E a cada onde que retorna, revela um pouco. Um pouco mais.
- Se você observar bem, vai ver que é muito mais do que isso.
E a cada pouco mais de visão, mesmo à distância, revela-se toda uma civilização com construções rochosas enormes em meio à relva. Não consigo sair dali. Nem para me afastar, nem para me aproximar. Afundada em água doce, bem na nascente, sinto a revolta das correntes. Isso me assusta. Me agarro nas pedras. Quero mais.
Um outro lugar talvez. Talvez um outro tempo. Talvez um outro.
E o balanço cresce em torno de mim. Escorre de mim até os fiordes, forma a onda, esvai-se, revela os castelos de areia, e o balanço cresce em torno de mim. Quase me leva. Quase me deixo.
Não me deixo. Me agarro às pedras. Nos vincos. Ou isso, ou queda livre. Duas crianças seguem em direção contrária. Deixo-as passarem. Como conseguem? Prossigo. A queda da água forma um tunel cristalino. Encantador, porém sufocante. Preciso respirar. Fecho os olhos. Suspiro.
Uma índia enorme, com peitões caídos arrastando. Roliça como uma nona ocupa o tunel com uma destreza impressionante. Respeitei. Confesso que tenho dificuldades em passar por ali. Ela, não. Já me encarou, atravessou o espaço. Nem a vejo mais. Por onde terá saído?
Eu, preciso da escada. Onde vai dar?
- Você sabe? Me dê a mão. Vamos?
Passamos pelo quarto onde brincamos e pulamos a janela rumo ao jardim. Lá as flores são de plástico.