domingo, 10 de fevereiro de 2013

Recálculos

Passei a semana tentando tirar o chulé do único tênis que eu trouxe, mas sempre parece que tem um fundinho de tênis pé baruel impregnado. Comprei outro. E parece que o cheiro me acompanha até aqui nel micro que vá a Mendoza. Passo creme, guardo as meias. Nada.

Então precebo o casal de trás. Unido até no chulé, durante a janta e nem aí. Beleza. Tento mesmo me concentrar na lasanha de brócolis (sem sal) e o que me salva é a poltrona enorme de couro por onde me esparramo já que tive la suerte de ninguém ao meu lado. Lo que és mejor que la suerte del taxista que me dicho que en su viaje ganó la companhia de una vieja podrida. Sem mencionar, é claro, o Malbec divino que eles estão servindo no copinho de isopor enquanto assistimos um Polanski durante a viegem.

Gira o tempo e gira a roda, me duermo y me despierto com a cordilheira à minha esquerda. Desculpaí, companheiros, pero mi máquina no hace "clic", hace "tchucunclá". Delícia! A merda é que mesmo com o live display ela me desobedece no plano e agora descobri que también me desobedece no foco.

Com isso, fico sacando fotos no recálculo dos desvios que ela faz...fico nos recálculos dos desvios que vou fazer na viagem que planejei...fico nos recálculos de todos os desvios que sofri nesse ano que passou.

Eu, heroína "da laje" que, como todo anti-herói, ao ajudar a velhinha a desprender-se da porta do coletcivo, arranca-lhe um pedaço da bolsa. Assim termino essa história: segurando um pedaço de pano na mão, olhando a velhinha dar um passo atrás para o motorista fechar de novo a porta e liberar a bolsa, rasgada...

"Tchucunclá"!

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