quinta-feira, 21 de novembro de 2013

sonhos 1

tapas na cara até doer a mão e um despertar às 7h24 podem significar alguma coisa?

Reatar

Desperto sozinho
Mas as janelas desfrutam
O prado 
Infinito no carinho 
Pois novamente ao teu lado

Enterrado nas paredes do sótão
Do antigo PC o teclado
Que revive a tua música
Permanece empoeirado 

Os recortes da nossa dor
Passamos a remontar
Em torno de um olho inquisidor
Que os idílios dos entretempos 
Se põe a observar

Esse quadro penduramos na parede
E transpomos todo desamor
Quando reenredados em nossa arte
Renunciamos nossa morte

Então, mudamos a cama de lugar...




Desejo

Saudade antiga tem cor de piscina

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Armadilhas

Eu te beijava a face
De estátua
De prata polida
Sem pele
Sem viço

Um vazio no lugar da carne
Um vazado de formas mutantes
Frestas atravessadas
Por luzes que cegavam a vista

Pedia a ti que se revelasse
Que mostrasse o rosto
Que me olhasse nos olhos
Que eu pudesse te ver por dentro
Mas dessas barras líquidas
Que carregavas acima do pescoço
Só me restava olhar os vãos

Tentei as mãos
Por um instante mãos de gente
Daquelas que afagam os cabelos
Daquelas que entrelaçam os dedos nos meus e me apertam

Mas logo . ..
Frieza

De garras metálicas
De juntas imóveis
De unhas quebradiças

Desse abismo que há
Entre a vontade e os fatos
Entre a verdade e a mentira
Entre a saudade e o alento
Só se pode pensar o pior

Sonho ou pesadelo
Que me revela
Quem sou
Que me esconde quem és...

Eu caindo em armadilhas
Uma atrás da outra
Fazendo cada um dos meus atos de boa vontade
Me sufocarem em dè ja vus

Então qualquer desejo meu de ver a beleza em todas as coisas com a ingenuidade de uma criança
É soterrado
E todas aquelas mãos que me agarram por todos os lados
Apertam meu peito até ele sangrar
E depois se esvair

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Malargüe

Nunca chegue de viagem no domingo. Tudo sempre estará fechado. No meu caso, ao chegar à capital do vinho da Argentina, não só as bodegas lojas, kioskos e padarias estavam fechados como também o estava meu sonho Aconcágua. E assim seguiu-se a situação por todo feriado de carnaval.

Por isso, decido bajar al Sur. Tentar uma ida a San Martín de Los Andes e aos 7 lagos fazendo uma pequena passagem pela terra de Las Brujas. Um adeus con una noche de rumbia, e eis que, después de uma Mendoza de wineries con botillas muy caras y de todo cerrado, brindo a Malargüe com uma  Andes.

No Eco Hostel daqui, las hojas del los álamos te sonan como el mar. A lua te brinda no entardecer num caminho desértico até La Venta de Las Violetas, onde se pode comprar queso, huevos, jamón crudo (nham)! e um suco de mistura de ervas chamado Terma (yec!).

Ahora sí, me siento en casa.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Recálculos

Passei a semana tentando tirar o chulé do único tênis que eu trouxe, mas sempre parece que tem um fundinho de tênis pé baruel impregnado. Comprei outro. E parece que o cheiro me acompanha até aqui nel micro que vá a Mendoza. Passo creme, guardo as meias. Nada.

Então precebo o casal de trás. Unido até no chulé, durante a janta e nem aí. Beleza. Tento mesmo me concentrar na lasanha de brócolis (sem sal) e o que me salva é a poltrona enorme de couro por onde me esparramo já que tive la suerte de ninguém ao meu lado. Lo que és mejor que la suerte del taxista que me dicho que en su viaje ganó la companhia de una vieja podrida. Sem mencionar, é claro, o Malbec divino que eles estão servindo no copinho de isopor enquanto assistimos um Polanski durante a viegem.

Gira o tempo e gira a roda, me duermo y me despierto com a cordilheira à minha esquerda. Desculpaí, companheiros, pero mi máquina no hace "clic", hace "tchucunclá". Delícia! A merda é que mesmo com o live display ela me desobedece no plano e agora descobri que también me desobedece no foco.

Com isso, fico sacando fotos no recálculo dos desvios que ela faz...fico nos recálculos dos desvios que vou fazer na viagem que planejei...fico nos recálculos de todos os desvios que sofri nesse ano que passou.

Eu, heroína "da laje" que, como todo anti-herói, ao ajudar a velhinha a desprender-se da porta do coletcivo, arranca-lhe um pedaço da bolsa. Assim termino essa história: segurando um pedaço de pano na mão, olhando a velhinha dar um passo atrás para o motorista fechar de novo a porta e liberar a bolsa, rasgada...

"Tchucunclá"!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

La Turista



Chego ninguém mais uma vez BSAS. E me dirijo cheia de malas pro primeiro boteco com cara de pub que avisto no caminho. Massa. Não entendo nada de como funciona o tal do auto-serviço. Sei que você paga no "cajjja" e eles "te llevan a mesa".  Merluza con pure, sim!

A malinha de rodinhas em cuja alça o tapetinho estava enrolado vai deslizando tranquilamente e se esparrama pelo chão ao redor do meu tornozelo. Na mesa do time cabelos brancos, um cavallero prontamente me recolhe o entulho.

- Gracias!

E me recolho à mesa mais próxima já começando a me incomodar com o risinho do garçon no canto da boca a cada gesto meu. "Está turista"? Então me llevaran o prato...fome! e
depois de toda difculdade pra entender o que era pure de calabaza, me trouxeram um de abóbora.Valeu! E eu que nem uma panaca 2h dizendo  "- Calabaza? No comprendo! Que és eso?".

Mas, tá, me llevaran a comida à mesa (obrigada porque eu estava carregada de tralhas), mas o talher era self service. Ah! Saquei: auto serviço. E a gaseosa. E o gelo. E o limão. Também lógico. O auto serviço vem em partes, sabe...ok

 Acabei e preciso resolver a vida, mas, não, eles não podem ficar com as minhas coisas enquanto vou ver se a galera já tá em casa. Eis que me afundei na gaseosa pra poder ir embora..e deixei o meu olhar dançar...

Foi aí que percebi uma mala pendurada no teto, acompanhada de uma calça velha que quase caía na cabeça da senhorita. Da mesa forma caía do baú a toalha de crochê por cima dos microondas. Subindo um pouco mais: as várias pantalhas tecido calcinha dos diversos lustres empoeirados...

Bellagamba, mucho gosto. Um bom começo.