quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Como libertar os sapos

Enquanto ela definha algemada
Diante do bolo de 1 ano de aniversário
Ele alça vôos em plena liberdade
Fez suas escolhas
Nunca se importou
Tem certeza de que sabe o que é melhor para os dois

Depois de esparramar as cartas e jogá-las no chão
Tudo que ela deseja é que a vela
Solitária e reluzente enfiada no meio daquela montanha de farinha e chocolate
Se apague logo
Para que possa descansar em paz

Esgueirando-se com o braço suspenso
Deita-se no tapete aos pés da mesa
Pertinho da cadeira onde sentavam colados
Um sobre o outro
Enlaçados de frente
Com olhos vidrados e cheios de vida e desejo
Com bocas coladas e
Declarações sussurradas
De tempos alineares

Ali ela estava e ficou algemada
Enquanto ele saiu com o cachorro
E se auto abduziu
Deixou de existir e não avisou

Todos a olham com olhares de susto
O que faz ainda ali, presa àquela cadeira?
Àquele apartamento
Àquele casamento
Aos filhos
A louca
A bruxa

O que ela faz ali com seus personagens invisíveis?
Com suas esperanças ridículas
Imersa no gosto amargo daquele bolo azedo
Mofando...
Vivendo um amor inexistente
Uma mentira
Com unhas pretas descascando
Os dedos encolhendo nas algemas

Escorregando até o chão com o braço suspenso
Deita e se apaga num suspiro
A vela derramou um milhão de lágrimas
Por detrás daqueles óculos em forma de coração
Marcando de linhas endurecidas e rugas o bolo despadaçado
Os olhos vidrados agora sem vida
A boca entreaberta
Os sapos saltando garganta afora
Livres

Oceanos

Eu nunca entendi pq vc me trocou
Por grãos de areia
Em meio à imensidão de um oceano Repartido
Num lado poluição
No outro animais silvestres
Por onde faço o caminho de volta?
Entrego meu braço
À boca dos jacarés
Não me mordem por sorte
Já os caracóis
Se grudam de tal forma que quase me arrancam os dedos
Onde estão os golfinhos mesmo?
Preciso voltar
Escolho o outro lado
E sinto as carcaças de plástico
Se prendendo em mim
Pedaços de um mundo de artifícios raspando a pele
Atrasando as braçadas
A Água turva e espessa
Lavando o corpo de lama gordurosa
Intoxicante
Cheguei:
Só quero saber como estão as crianças
A casa guarda espaço pra outras famílias
Eu quero largar tudo
Morar na praia
Trabalhar na garagem
Você marcou comigo e não apareceu
Preferiu os grãos de areia
Minha rota ficou em suspenso
Me espera batendo os dedos no relógio de ponteiro
Enforca-me num adeus que eu não queria
Mais uma vez...
Só que Quando eu vou embora
não olho pra trás

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Kind of Blue

Fecho os olhos
Pra lembrar de cada detalhe
Que eu decorei

Faltam pedaços
Porque não consegui terminar o que comecei

Eu teria muito tempo pra isso

Mas não

Eu sempre faço a minha parte
Sozinha

Você diz que vai se redimir
Nada acontece

Os sabores
O calor intenso
O olhar baixo que me encontra pelo canto, tímido...
O beijo eminente

Algumas
Lembranças doces
Outras, nem tanto
Todas
Emolduradas na minha parede Kind of Blue
Frias, distantes, impossíveis
Quase estúpidas





domingo, 9 de junho de 2019

Você e Meu Mundo

Em Nando Reis, cuido do seu jardim, do seu jantar, do céu, do mar, de vc e de mim.
No Arte1, minha saudade transforma o mundo por causar revoluções
Em Neil Young, o meu amor por vc permanece e quer te ver dançar de novo na colheita dessa lua.
Em qual pedaço do meu mundo e de mim vc não está?

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Contagem Progressiva

22
Um sorriso
exuberante
Esconde 
Mágoas
Covas
Incógnitas
Em meio a maçãs
Onde tu és igual a mim
23
Azul piscina ou verde musgo
Nas meninas onde eu danço
Nesga de sol
Que em mim é de mel
Em ti não sei
Porque escondes

24
Amêndoas ou navalhas
Sobre mim
Tu
Na rede
Eu
Na cama ou
No sofá
O que eu quero
fazer primeiro?
25
E esse Zeppelin
em expansão
Que se avoluma
em mim
Dilata-me de
All of My Love
To You, Child
Agiganta-se
Distende-me
Até explodir-me
Em fragmentos
De um fim
Ou de um começo
Esparramado
Em palavras nostálgicas

26
Batatas
Sobre explosões 
Que se esparramam
:
Memórias
Pedaço arrancado de mim
Qdo vc acelera
Resoluto
:
Voando de olhos rasos
Me atropela
Por anos de esquecimento
Melhor assado
Do que assim
Cozinhando
Lembrar
Somando
Nãos implícitos
Me embarga
Nesse mar de buracos
Por meses
Intermináveis
Entre
Viver e sentir
E
Fugir e saber
:
Na nossa escolha de cada um
Eu afundo
Vc sublima

27
A mala nunca desfeita
Intacta
De incertezas
Incansável
No Mesmo percurso
De sempre
Vai
Desejo
Volta
Mãos vazias
Reza
Romper a estupidez
Catártica
Que sempre
Revisita
Que cola, insiste, corrói
E permanece
Se lança(da)
Perde
Se joga(da)
Xeque
Mate
De uma vez por todas
Dessa vez

28
Zen
Invado 
Latifúndios

29

Enquanto o tempo passa
A vida bate ponto

Qual o sentido de tudo isso?
Vazios.
Em pilhas

Resoluções in cuore ntes


Mármores Imponentes
À distância
nos teus lábios entreabertos

Diagonais...

Planetas de água
Inteiros
Reluzentes
Nas tuas órbitas em fogo

Ignorâncias...

Penugens douradas
Por onde deslizo os dedos por segundos
Enquanto apertamos as mãos
De dedos entrelaçados

Amor...

domingo, 24 de março de 2019

Puzzle (ou nossos corpos)

Cada peça é Pra caber e encaixar Precisamente uma na outra Vem assim de Fábrica É só estudar as formas Às vezes elas simplesmente se colam Numa supresa cálida Onde a gente se afunda Tudo já está ali Parece q já é Assim... como estar em casa como estar inteiro Ou sim ou não ou sei lá Que de tão tão bom até confunde Tens de mim cada parte e ponto Decorado Do onde ao como E Desde sempre Mesmo sem saberes Ou sem sabermos Como com ninguém mais Em voltas e mais voltas Libidinosas e suspirantes Lambidas mútuas Dançam na comunhão dos nossos Céus Nos nossos tenros lábios colados Incessantes Infinitos, delirantes completos um no outro Ardentes quando juntos Quente e gostoso Deslizando- nos Desvendamos Mistérios mútuos De nossas carnes De outras tantas camadas Superfícies Ou profundezas De nós Âmago Dos nossos corações abertos De tristezas doces De vinganças infames De amor Quando Sorvo o gosto dos teus poros Até impregnar-me de ti No 2o banho de 3 Ou No instante em que Bebo até o fim Cada gota desse não sei Que me arrepia Sempre que me ajoelho diante de ti E t adoro Ou Se és tu Assim Me fazes escorrer Em rios de delícias Q deságuam Pelos teus dedos, papilas e tudo mais Não importa Me tens Como sempre quiseste Como sempre tiveste Sem saberes Ou Sem sabermos O Mais que perfeito Pretérito De todos q já tivemos Em cada beijo Ou trepada Ou conversa Ou abraço banhado em lágrimas Em Cada noite ou em cada dia Passados Estranhamente presentes Em cada ciclo de respiração Da existência De encontros que a gente nunca esquece De Futuros em que Éramos tudo De pretéritos imperfeitos do subjuntivo
Em que se fôssemos
Seríamos Futuros do pretérito Num presente do indicativo Em que Eu sem ti Sou Sem sentido

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Saltos Quânticos V

Eu
Volto se
Você
Me beija

Eu
Tenho sede... muita!
Você
Seca minhas lágrimas

É tentador
O oráculo do futuro

Eu
Te ensinei a minha maldade
Você
Acha que sabe o que faz

Eu
Não quero mais responder perguntas
Você
Me manipula e não sabe quando parar

Eu
De quatro
Você
Muso, como eu te ensinei

Toca pra mim
De um pedestal
Se ainda puder tocar

E tudo perde a cor...

De um lado o sonho
Do outro a amizade

Agora nós somos PB

Eu
Sofro de novo, desisto de tudo, não confio mais em você
Você
Não sei

Foda-se
ou
Auf Wiedersehen





Saltos Quânticos IV

Pra eu falar mais
Faça perguntas específicas

Eu
Confusa
Você
Tudo pra mim

Eu
Vejo muito amor nessa casa
Você
Quer saber dos conflitos

A gente se diverte
Não precisa de muito
Parece um sonho

But that's not enough


Saltos Quânticos III

Acordo
E tudo mudou

Atmosfera de amor antigo...

Num salto de 7 a frente
Parece que estamos juntos

Sabe quando você sonha que está em casa, mas a casa não é exatamente a sua casa?

Tudo está diferente
Mas não é a casa
É o tempo

Também não é o tempo
É tudo

Parece que o cachorro é meu
E que ontem fiz amizade imitando macacos
Até o chão

Não, não é a casa

Estranho...muito estranho...

Eu
Não sei onde estou
Você
É a casa

- Eu sou a casa? Fala mais





Saltos Quânticos II

Venha mergulhar numa piscina de prazer!
E afogar
Se

Num salto de 5 para trás
Eu
Propositiva
Você
Não sabe

Coisas importantes
Sem importância
Vai saber...

Eu
Perdôo
Você
Desiste

Situações

Eu
Sangue nos olhos
Vejo a sua dor doce
E vou direto na ferida

Você
Revelações

Eu em banho-maria
Você marinando


Saltos Quânticos I

De um reencontro sem expectativas
A descoberta de uma longa espera
Eu
Melhor trepada
Você
Perfeito

Ver estrelas juntos
Errando

Às vezes articular as mãos
Pode ser mais sexy que o senta-senta

Eu
Musa
Você
Me toca

Te dou uma tarefa
Você dança sem perceber

Eu
Te amo
Você
Também

Só que não?

Brisa

Tão longe
Tão perto
Tão tão

Tão fraco
Tão forte
Tão sim

Tão tudo
Tão nada
Tão não

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

SOBRE PORQUÊS

Se eu respiro,
Fecho os olhos
E me dou com os teus
Olhos...
Façoq?...???
Se aperto com força
A ponta do edredon.
Me pergunto: pra quê?
E anseio tua mão...
Se a cada passo que dou
Pretendo a tua direção
Me pergunto: sou pra que?
Me vejo em ti
Como a vida
E te desejo
Como o mistério indecifrável do amor
E agora?
Como as nuvens se movem através, desejo que de vc surja tudo aquilo que quiseres
E te amo

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Concretudes

Quero a leveza
Do inteiramente eu

Um querer
Que não se perde
Nas faíscas pra virar matéria
Flecha que te atravessa

Mas um leito quente
Que corre e te deita nele
Aninha e acolhe teu todo
Tua verdade

Sempre
Virar a esquina
E bater com meu nariz no teu

Que a infinidade de coisas
Fosse simplesmente
Deitar nas nuvens
Ganhar sussurros
Nos ouvidos

Um som que tu me mostra
Um gozo sem adeus

SOBRE ANDAR DE FERRY NA BAHIA

-->
Ainda antes de chegar no Ferry

Confirme com no mínimo 4 pessoas diferentes se a van que está indo para Morro São Paulo é mesmo a sua. Com isso você evita que sua guia pergunte:

-       CVC?
-       Sim.
-       Ha ha ha
-       Ha ha ha?
(Então ela pega o rádio)
-       Qual o nome de vocês?
-       Claudio, Iara e Clarissa.
-       Sr. Iara, Sra. Clara (a guia falando para o rádio)
-       Não, Cláudio, Iara e Clarissa
-       Cláudia ... (ainda para o rádio)
-       Não, moça! Cláudio,      Iara       e      Clarissa
-       Aaaah! Achei, mas não era aqui não, vocês pegaram a van errada.
-        Huummmm

(ha             ha             ha)

Após, corrigido o trajeto...

Ao embarcar no Ferry

Não se distraia comprando óculos que não dá tempo.
Ou melhor, parece que vai dar tempo. (compra rápido que tá valendo).
Deu. Sobrou tempo.
Super sobrou tempo.
Dá licença que o moço vai até comprar um café e mandar ver uma carne fumeiro....peraí, moço (se esmagando entre você e a colega)...aaaah! abriu a portaaaaa! Aaaaah!
Se segura que soltaram a manada!...Cuidadocomochu-ru-me-dolixoquederrubarampelocaminho ... YEC, bem na minha perna! respiraaaa...
E não adianta pegar a fila pra quem tem bagagem, porque você não vai conseguir subir com a mala mesmo..

Ai, deu! Um lugar de pé, no meio dos carros, mas, ainda assim, um lugar.


No Ferry

Se estivesse de carro, pés pra cima e pra fora da janela (lógico!)

Como possivelmente ainda estará de pé e com a malas, fique longe dos cachorros, ou mais cedo ou mais tarde irá molhar os pés (e as malas)

Se molhar os pés não for motivo o suficiente para você mudar de lado, não tem problema! A galinha vai alvoroçar-se, e , por conta disso,  o dono do outro cachorro – o que morde - vai lhe pedir que se retire.

Se isso tudo acontecer, não se preocupe, você deu sorte! Imagina se você só resolvesse mudar de lugar depois que o primeiro cachorro resolvesse passar do estágio 1 pro 2.

-       Eu avisei, mãe!  Pra você vir logo pro lado de cá. Afff.

Aqui (desse lado de cá):
Se você dança,  terá uma ótima oportunidade para ensaiar seu dom para o equilíbrio
Se você bebe, também!

Maaaas, se for fotografaaaar, evite o vendedor de queijo com goiabada

-       Posso tirar uma foto?
-       Não. Melhor que você ouça!
-       Hã?
-       Ouça! Está ouvindo? Ouça a palavra de Deus, senhorita!
-       Ah! Isso, sim, estava ouvindo já...
-       Então, esquece a foto, o que vale é ficar cheeeeeeia de Deus!

(uia!) cof  cof

E não se esqueça de trazer sua bóia, seu colete salva-vidas, seu snorkel, equipamento de mergulho, bote, o que tiver... porque a proporção de bóias por pessoa é de uma para cada 60 pessoas.

Ao sair do Ferry

Segundo a guia, você deve lavar as mãos, você deve lavar as mãos, você deve lavar as mãos, você deve lavar as mãos depois de pegar o Ferry. Por isso, depois de 2h esperando uma oportunidade para esvaziar a bexiga, quando você  finalmente fizer uma parada, o turista vizinho descerá bradando:

-       Que banheiro o quê! Eu quero saber onde está a piaaaaa!


E lembre-se (sempre):

Não vá de Maria Betânia
Vá de Ivete Sangalo que é mais “ligeirinha”

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Pra que Tanto Dedo - PARTE 1


--> -->

Na sala de jantar:
- Massa à putanesca com liguiças inteiras! Eu que inventei!
-  Uau! Nossa! Achei que seria massa com sardinha. Deixa ver…hum… delícia!
- Viu? Também tenho super poderes.
-       Mas… peraí Carlos Alberto, o que é isso?
-        O que?
-       Isso? Aaaah! Um dedo!
-       Como assim, Paula Jussara?
-       Sim! Um dedo!
-       Puxa…
-       O que significa isso?
(pausa dramática)
                                                                  
       Quem -é - ela?

-       Como assim?
-       Olha aqui! Tem esmalte na unha!
-       Ah…é…
-       João Carlos, o que é que você andou comendo por aqui?
-       É, olha, vamos conversar , Paula Jussara. Veja bem, é toda noite a mesma coisa, sabe? Sempre que tentamos... A gente acende o fogo, bota a panela, prepara todos os legumes, cebola, tudo direitinho e aí… aí é sempre  a mesma coisa! Desde o seu aniversário, não conseguimos mais! No mês passado, se lembra daquele dia? Aquela operetta lhe cantando parabéns com um bolo a tiracolo…eu ali... pronto...e nada! No outro dia foi aquela trupe, todo mundo mascarado…credo! Quase me senti na cena do sacrifício … de olhos bem fechados…só me faltou a capa preta com capuz. E semana passada então? Acendemos as velas e chegaram os mariates! Mariates! O que vo-cê que-ria-que -eu-fi-zes-se? Eu sou homem porra!
-       O que foi que você disse? Você é um homem porra?
-       Eu disse que eu sou um homem  porra. O que você está dizendo? Que eu sou uma homem porra?
-       Eu não disse que você é um homem porra você que disse que era um homem porra.
-       Ah! Você está dizendo que eu não sou homem?
-       Que?
-       É isso.
-       O que?
-       Era isso que você queria.
-       O que, Carlos Alberto?
-       Me humilhar.
-       Como assim?
-       É sempre a mesma coisa. Eu cozinho, lavo, passo manteiga no seu pão  e você, você… sempre inventa alguma coisa! Uma operetta segurando um bolo, mariates, e agora um dedo!
-       Como assim, do que você está falando?
-       Do dedo?
-       Que dedo?
-       Do dedo que você está comendo!
-       Mas eu não comi nenhum dedo!
-       Então…
-       Então o que?
-->
-       Do-que –vo-cê- es-tá fa-lando?
-       Do dedo. Mas eu não comi. Ele está aqui. Ó!
-       Deixa eu ver…

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

sonhos 1

tapas na cara até doer a mão e um despertar às 7h24 podem significar alguma coisa?

Reatar

Desperto sozinho
Mas as janelas desfrutam
O prado 
Infinito no carinho 
Pois novamente ao teu lado

Enterrado nas paredes do sótão
Do antigo PC o teclado
Que revive a tua música
Permanece empoeirado 

Os recortes da nossa dor
Passamos a remontar
Em torno de um olho inquisidor
Que os idílios dos entretempos 
Se põe a observar

Esse quadro penduramos na parede
E transpomos todo desamor
Quando reenredados em nossa arte
Renunciamos nossa morte

Então, mudamos a cama de lugar...




Desejo

Saudade antiga tem cor de piscina

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Armadilhas

Eu te beijava a face
De estátua
De prata polida
Sem pele
Sem viço

Um vazio no lugar da carne
Um vazado de formas mutantes
Frestas atravessadas
Por luzes que cegavam a vista

Pedia a ti que se revelasse
Que mostrasse o rosto
Que me olhasse nos olhos
Que eu pudesse te ver por dentro
Mas dessas barras líquidas
Que carregavas acima do pescoço
Só me restava olhar os vãos

Tentei as mãos
Por um instante mãos de gente
Daquelas que afagam os cabelos
Daquelas que entrelaçam os dedos nos meus e me apertam

Mas logo . ..
Frieza

De garras metálicas
De juntas imóveis
De unhas quebradiças

Desse abismo que há
Entre a vontade e os fatos
Entre a verdade e a mentira
Entre a saudade e o alento
Só se pode pensar o pior

Sonho ou pesadelo
Que me revela
Quem sou
Que me esconde quem és...

Eu caindo em armadilhas
Uma atrás da outra
Fazendo cada um dos meus atos de boa vontade
Me sufocarem em dè ja vus

Então qualquer desejo meu de ver a beleza em todas as coisas com a ingenuidade de uma criança
É soterrado
E todas aquelas mãos que me agarram por todos os lados
Apertam meu peito até ele sangrar
E depois se esvair

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Malargüe

Nunca chegue de viagem no domingo. Tudo sempre estará fechado. No meu caso, ao chegar à capital do vinho da Argentina, não só as bodegas lojas, kioskos e padarias estavam fechados como também o estava meu sonho Aconcágua. E assim seguiu-se a situação por todo feriado de carnaval.

Por isso, decido bajar al Sur. Tentar uma ida a San Martín de Los Andes e aos 7 lagos fazendo uma pequena passagem pela terra de Las Brujas. Um adeus con una noche de rumbia, e eis que, después de uma Mendoza de wineries con botillas muy caras y de todo cerrado, brindo a Malargüe com uma  Andes.

No Eco Hostel daqui, las hojas del los álamos te sonan como el mar. A lua te brinda no entardecer num caminho desértico até La Venta de Las Violetas, onde se pode comprar queso, huevos, jamón crudo (nham)! e um suco de mistura de ervas chamado Terma (yec!).

Ahora sí, me siento en casa.